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Arquitetos: OMCM arquitectos
- Área: 200 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:Alejandro Patiño, Leonardo Méndez
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Fabricantes: Argo, AutoCAD, Blindex, Cambre, Deca, Eliane, FV, Impaco, Klaukol, Lumion, Papaiz y Kallay, Sika, SketchUp, Suvinil, Vallemi, Vray
Descrição enviada pela equipe de projeto. Os bairros de Assunção do passado, tradicionais e quase atemporais, estão sendo atingidos pelo impulso do desenvolvimento imobiliário que dia após dia procura oferecer opções à crescente população urbana. Muitas vezes acontece que o empreendimento apressado condena a arquitetura a um segundo ou terceiro nível de importância, dando prioridade a "praticabilidade" e preconceitos relacionados à insegurança muito comuns no país, que nada fazem bem ao imaginário da sociedade atual. Queríamos que não fosse esse o caso.
A situação apresentava uma casa de aproximadamente 40 anos e em condições bastante deterioradas que deveria ser reincorporada à oferta de imóveis. Já estava em obras de demolição e não havia nenhum projeto arquitetônico a seguir. A urgência do tempo nos levou a fazer um diagnóstico rápido e agir com a mesma inércia, enquanto desenvolvíamos uma ideia paralela que poderia significar - pelo menos alguma coisa - para a cidade.
Além de modificar a espacialidade de acordo com os novos requisitos do cliente e do público em geral (sala de estar, sala de jantar, três quartos, serviço, etc.), o projeto ofereceu o potencial de melhorar seu ambiente imediato, injetando um novo ar em um bairro esquecido no tempo, mas com um grande futuro pela frente. Uma esquina constituída pela interseção de duas ruas, atuando como uma “bifurcação urbana”, local privilegiado por oferecer mais de uma fachada, foi o cenário para a implementação deste projeto que buscou abrigar, proteger e aconchegar um novo lar que retornaria ao ciclo útil de habitação da cidade. Em um esforço para encontrar a unidade no ambiente urbano fragmentado e caótico de um ponto de vista construtivo, a proposta consistia em gerar uma continuidade cerâmica através dos envoltórios perfurados que, somados ao telhado também avermelhado, poderiam provocar os sentidos daqueles que percorrem pela cidade, configurando alegoricamente um ninho de joão-de-barro, ave típica da região da América do Sul.
O tijolo de cerâmica, amplamente utilizado no Paraguai por sua economia, foi convocado novamente como protagonista da intervenção, onde pedreiros, ferreiros e carpinteiros, ou seja, bons artesãos de mão de obra paciente e qualificada, reuniram-se em um trabalho de solidariedade e foram capazes de transformar a matéria em espaço e fornecer qualidades incomuns e interessantes para a construção do repertório coletivo que caracteriza a arquitetura paraguaia contemporânea. Nela intervenções se tornam verdadeiros processos de experimentação por meio de testes, verificações e ajustes até que os resultados fossem alcançados. Uma vez concluída a obra, não restava nada além de deixar o sol, um convidado especial da arquitetura, permear os espaços e desenhar as estações do ano, oferecendo à família um festival de luzes e sombras que a acompanham durante sua experiência diária.